“Na verdade é uma música com bastante alma”

Foto: Álvaro Sasaki

Há uma semana Renan Zanatta, o Nanan, se apresentava nos estúdios da RUC (Rádio Universitária Cesumar). Chegou meio tímido, com o cabelo cobrindo parte do rosto e permaneceu esperando um bom tempo até que nosso grupo pudesse se apresentar. O tempo valeu a pena – não para o paciente músico, mas para quem pode conferir de perto um pouco do talento que o maringaense demonstrou com um sorriso largo do início ao fim do programa.

A apresentação durou pouco: uma só música diante do microfone. O tempo era curto – Ah! Se o projeto do radio revista não valesse nota! Seria prudente jogar todo o roteiro pro alto e fazer um luau ali mesmo, no pátio do Cesumar. Depois da rápida performance, ainda uma parada para usufruir do ukulele que também marcou presença. “Toca Somewhere Over The Rainbow?”, é claro que toca! Meu grupo curtiu uma música extra depois da gravação, e vocês podem curtir a entrevista que o repórter Carlos Emori fez com o Nanan, contando sobre o lançamento do CD este ano, influências musicais e a experiência que só o Hawaii pode trazer.

Nanan, você esteve no Hawaii recentemente. No que isso influenciou e vem te influenciando no seu trabalho?

Olha, é interessante falar dessa experiência no Hawaii porque eu sou maringaense, pé vermelho. Quando eu cheguei nas terras vulcânicas, já estava acostumado com esse dia-a-dia do litoral, porque eu moro em Matinhos há quatro anos desde que eu mudei para fazer a universidade em gestão ambiental. Então já vinha me familiarizando. Mas o primeiro impacto, que eles chamam de “aloha spirit” que é o meio de viver havaiano, aquele jeito mais preguiçoso, ou laid back como eles dizem, com um horário mais tranqüilo, mais flexível, que eu já estava acostumado por viver no litoral. Nesse ponto de vista não foi tão chocante, mas as chuvas que batem por lá são violentas. Como eu fui no inverno, tinham ondas gigantescas. Do ponto de vista da música é só alegria, muita ula, muito ukulele sendo tocado.

E no termo de música, existe algum estilo de música tradicional lá do Hawaii que te influencia?

Ah sim, eu já vinha ouvindo bastante desde alguns projetos aqui em Maringá ainda em 2005, 2006, quando me apresentava com o Hugo Bonemer, que inclusive agora está em São Paulo atuando bastante, fazendo peças. A gente tinha um projeto que se chamava “Quarteto a la carte” que a gente tocava muito Jack Johnson, Ben Harper, essa linha do surf, folk, um pop surfzinho music. Era um som que eu já tinha bastante gosto em tocar. Só que nesse projeto eu tocava baixo. Quando fui para Matinhos e principalmente quando fui para o Hawaii que foi a cereja do bolo, eu já estava bastante acostumado com esse groove, esse som, essa pegada mais nesse ritmo do violão, do improviso bom de se fazer, mas de um jeito bem simples, que é jeito que acontecem esses encontros no litoral, no Hawaii. Os músicos se encontram com sets simples de instrumentos, com pouca parafernália para fazer um bom som, e é assim que sai, com muito luau, muito acústico. Então sempre o bongô e a percussão estão ali, aliados ao violãozinho acústico.

Você tem algum estilo musical fixo ou você mistura bastante?

Essa é a maior dúvida que eu converso com todos os meus amigos e músicos. Porque a gente tenta definir os gêneros, mas hoje é muito complicado definir porque você tem várias influencias nítidas, e hoje se gosta de taxar muito a música. Então seria um surf-samba-rock-groove-funk-MPB, entendeu? Na verdade é uma música com bastante alma, que tenta passar uma mensagem muito simples, que é amor. Amor pela vida, pelas amizades, pela natureza, pelos meus pais. Então o ritmo é mais acústico por ter o violão como série da banda, como o grande guia das músicas. Mas a banda toda que é O Tanque, o Frank the Tank, que é a banda que a gente tinha aqui em Maringá há quatro anos, que gravou um cd agora, junto, a mesma família unida, a gente tem uma pegada mais rock and roll. A própria bateria é mais pesada um pouquinho, o experimentalismo das guitarras já vai lembrar um pouco, uma sonoridade mais pro country, alternativo, talvez até para os líricos de um U2, Coldplay, enquanto o baixo tem uma pegada mais groovada, mais funkeada, e tem muita percussão, gaita de boca, sanfona, bastantes elementos que servem para complementar essa gravação.

E tem um CD novo seu que está para sair já, né? Como foi esse trabalho?

Esse é o disco de grande estréia da banda, desse projeto que chama “Nanan”, que ainda está com o nome para ser definido, mas provavelmente vai se chamar “Pra Te Alegrar”, que é o nome de uma das canções que tem no CD. Esse CD está com previsão para sair agora em novembro e a gente vem trabalhando nele com bastante calma. Como eu vinha concluindo minha graduação que eu comecei em 2007, quando eu comecei a compor em 2008 as músicas em português, que viriam para este CD, a gente já teve muita vontade de gravá-las em 2008 mesmo, só que a gente resolveu como banda ainda, e não como projeto pessoal, fazer todos juntos. Então fomos trabalhando devagarinho, desde 2008. Não fizemos pré-produção nem nada, já entramos em estúdio, fechamos o pacote completo para ir fazendo as linhas, experimentando, gravando, regravando. Só que sem muito prazo, então isso que foi bem legal, foi bem tranqüila [a gravação], uma coisa bem gostosa de ser feita.

E aqui em Maringá, não só em Maringá, onde vocês costumam tocar o som de vocês?

Olha tá um som bem misto. Dá para tocar tanto na noite quanto no dia. Tem algumas músicas que vão ter uma pegada mais acelerada, mais dançante que cabem muito bem em casas de show, ou mesmo festivais. Por outro lado tem uma pegada bem regional em algumas canções, que podem ser apresentadas em repertórios mais adequados para o dia, ou para um teatro. Mas basicamente agora que vamos começar a marcar os shows, vamos fazer mais em casas de shows, mais para fazer a galera sacudir o esqueleto. E depois, com o CD já em mãos, podendo divulgar o trabalho e as músicas mais calmas e mais lentas, podemos fazer alguns projetos de shows voltados para outros públicos, de repente até público infantil. Por que não? As músicas são muito alegres.

Se quiser acompanhar mais sobre o trabalho da banda, acesse o blog do Nanan aqui.

De mudança

Começo um outro blog com jeito de casa nova. Perdida entre as bagunças, caixas fechadas e as cortinas emboladas num saco de lixo azul – que é para manter o branco, já dizia minha vó. Os cômodos vão ficando cada vez maiores e eu me pergunto “onde é que estava todo esse espaço antes?”. Então antes de fechar dou uma última olhada, por onde passei tanto tempo. E agora? O que vai ser? Guardo tanto espaço no bolso da calça jeans e sigo adiante.

Então cá estamos, não para pontuar uma frase e iniciar novo parágrafo, mas dar continuidade às tantas páginas que estão por vir. O intuito desse blog, como faria refletir a música na voz do Dinho Ouro Preto que martelava em minha cabeça desde manhã: “Falando sobre tudo e não dizendo nada”. Ainda fazendo menção ao título da canção do Capital Inicial, vou acender as luzes da cidade depois da meia noite. Depois do meio dia. Ou quando der vontade. Luzes da minha cabeça.

O canto será redecorado, um colorido que invade qualquer sépia que insistia em transfigurar minha vida e meus textos – que aliás, continuarão lá no cantinho deles, morando de aluguel: http://www.analuizaverzola.blogspot.com – mas Ana, que diabos! E esse espaço aqui? Serão matérias, opiniões, entrevistas, palavras soltas que de alguma forma para esta Ana Luiza com Zê aqui faz todo o sentido do mundo.

Como mesclar os batuques e formar uma música, misturar as cores e dar novo tom à tela em branco ou mesmo misturar duas bebidas e ver qual é o poder da ressaca no dia seguinte: um pouco de Ana, de Luiza, e tudo que me interessa. Talvez interesse você. Não se acanhe, que de timidez aqui já basta a minha: os móveis ainda estão empacotados. Se importaria em sentar no chão? Tome uma almofada, fique à vontade, que eu vou fazer um café. Prefere com açúcar?